Fernando Alonso e Sebastian Vettel |
Cruzei as informações que ouvi e li hoje de companheiros que têm
nessas equipes suas fontes com os ensinamentos que trouxe comigo da cobertura
da temporada até a prova de Monza. Vou estar nos GPs dos EUA e Abu Dabi. Do que
pude entender, nem tudo está sacramentado nessa nova e excitante formação de
pilotos e escuderias versão 2015. Mas dificilmente escapará do que todos nós já
sabemos.
Alonso vai deixar a Ferrari e deve assinar com a McLaren-Honda.
E todos os indícios são de que o substituto de Alonso na Ferrari será Sebastian
Vettel, da Red Bull-Renault. Confirmada a mudança, como parece ser o caso, o
Mundial de 2015 antes mesmo de começar já reúne atrações espetaculares. Não
hesito em acreditar que a essa altura Bernie Ecclestone já deve ter telefonado
aos dois pilotos a fim de saber em que pé estão as negociações. É o maior
interessado que dê certo. Sempre desejou ver Vettel na Ferrari.
Mas antes mesmo de falarmos de 2015, precisamos entender quem
ocupará a vaga de Vettel na Red Bull, uma vez definida sua saída. A nova
unidade motriz da Renault, financiada em grande parte pela própria Red Bull,
deverá ser bem mais eficiente que a atual. O regulamento permite no fim do
primeiro ano revisão importante do V-6 turbo e dos dois sistemas de recuperação
de energia.
Essa nova unidade motriz instalada no que será o último chassi
projetado por Adrian Newey para a Red Bull tem tudo para fazer com que seus
pilotos lutem com a dupla da Mercedes, Lewis Hamilton e Nico Rosberg, pelas
primeiras colocações. Daí a importância de saber quem será o companheiro de
Daniel Ricciardo em 2015. Estamos falando de um carro capaz de seu piloto poder
disputar o título. Voltamos na sequência ao tema.
Desejo de cada um
Há um ponto altamente a favor de que o arranjo Alonso-McLaren e
Vettel-Ferrari se defina: o interesse dos dois pilotos no negócio, para não
dizer da McLaren em receber Alonso e da Ferrari com relação a Vettel . Mesmo
que seus contratos imponham multas rescisórias, como com certeza é o caso, é
possível se chegar a um acordo. Não faz sentido manter um profissional num time
sendo que ele não deseja prosseguir trabalhando lá.
É possível discriminar as razões de cada um para incentivar o
negócio. Quais seriam as de Alonso?
O espanhol já compreendeu que a reestruturação na Ferrari não é
apenas na área técnica, mas também administrativa. Substituíram Nikolas
Tombazis, responsável pelos carros desde 2008, pela ex-dupla de engenheiros da
Lotus, James Allison e Dirk de Beer. Tombazis tornou-se coadjuvante no grupo de
projetos.
A Ferrari dispensou Luca Marmorini, diretor da área da unidade
motriz, e promoveu Mattia Binotto para a função, dentre outras mudanças. Até aí
Alonso aplaudiu as decisões, na realidade iniciadas pelo ex-diretor Stefano
Domenicali.
Mas o que ficou claro para ele, depois, foi que Sergio
Marchionne, administrador delegado da Fiat, proprietária da Ferrari, tinha
planos mais abrangentes para sua equipe de Fórmula 1.
Ordenou, por exemplo, Luca di Montezemolo, ainda presidente da
Ferrari, substituir Domenicali por Marco Mattiacci, profissional que desconhece
o complexo universo da Fórmula 1 e cuja responsabilidade era aumentar ainda
mais a já expressiva participação dos automóveis Ferrari no mercado
norte-americano, o principal da marca.
A Fiat assume a Ferrari
Não contente, Marchionne dispensou o próprio Montezemolo para
assumir ele próprio a presidência da Ferrari.
Alonso acompanha toda essa reestruturação de perto. E, claro,
com apreensão. Já viu que Marchionne e Mattiacci são representantes da
filosofia praticada pela Ferrari nas duas décadas anteriores à chegada de Jean
Todt, como diretor geral, no dia 4 de julho de 1993, no GP da França. Apenas a
visão empresarial não funciona na Fórmula 1, mundo de vaidades extremas e de
modus operandi único.
Prova maior é que a Ferrari permaneceu na fila de títulos de
pilotos de 1979, obtido por Jody Scheckter, até 2000, o primeiro dos cinco de
Michael Schumacher com os italianos. Mesmo com sua elevada capacidade gerencial
e a necessária mão de ferro na liderança da organização Todt precisou de sete
anos para começar a fazer sucesso.
O espanhol impôs condições para continuar na Ferrari. Primeiro
ganhar mais dinheiro. Estima-se que recebe 24 milhões de euros por ano e deseja
30 milhões. E depois ter voz ativa na definição dos rumos da escuderia, além de
poder rescindir o contrato no fim de 2015, no caso de outro fracasso de carro,
e ainda poder anunciar sua saída do time depois do GP da Espanha, em maio.
“Meu futuro na Ferrari está nas mãos da Ferrari'', afirmou
Alonso em Suzuka. Para continuar lá Marchionne e Mattiacci terão de atender
seus pré-requisitos. Mas já responderam para o campeão do mundo de 2005 e 2006,
pela Renault, um redondo “não''.
As imagens de Alonso no primeiro dia de atividades no GP do
Japão, ontem à noite e na última madrugada, revelou um homem em paz. Ao menos
na Sky Italiana, em que assisti aos treinos livres, vi Alonso distribuir uvas
para convidados e sorrir com maior frequência do normal, por exemplo. Jogo de
cena? Não me pareceu ser o caso. Vi aquilo tudo como um comportamento
espontâneo.
As razões de Alonso decidir deixar a Ferrari se estendem além da
séria desconfiança nos novos líderes da escuderia, embora saiba, como nos
disse, na prova de Spa, ter todos os motivos para acreditar que o modelo de
2015 será bem mais eficiente que o atual.
Não falou, mas senti que pretendeu dizer que os projetistas do
modelo do ano que vem foram contratados pela administração anterior, a de
Domenicali, que poderia não ser o líder que a Ferrari precisa, mas era um homem
que cresceu dentro da Fórmula 1 e sabia como lidar com pilotos, cidadãos de
personalidade complexa.
Sentimento de ingratidão
Desprezado. É assim que Alonso está se sentindo. Dentro de si,
dá tudo e mais um pouco para conseguir resultados. E se a Ferrari chegou a
disputar o título em 2010, com chances de ser campeã, e em 2012, sua eficaz
condução nas corridas foi determinante. Talvez nenhum outro piloto tirasse
tanto daqueles carros quanto ele, pensa Alonso, e com fundamentadas razões.
O mesmo vale para a atual temporada, conforme a diferença de
pontos para Kimi Raikkonen, seu companheiro, atesta: 133 pontos, quarto
colocado, diante de 45 do finlandês, 11.º.
A diferença de pontos entre Alonso e seus parceiros, o outro foi
Felipe Massa, de 2010 a 2013, nesses anos todos na Ferrari, sempre foi muito
favorável ao espanhol. E as preferências que tinha no grupo não justificam
totalmente essa diferença. Há muito da competência de Alonso no retrospecto
notável.
Na cabeça de Alonso, nada disso está sendo levado em conta pela
nova gestão da Ferrari. Não se sente mais o líder de antes. É um integrante do
grupo. Respeitado, lógico, mas sem o peso de antes. Em vez de ditar ordens,
agora acata ordens. Para sua personalidade isso é mortal. Foi uma das
principais causas de desgaste na McLaren, em 2007, além do supertalento do
estreante Hamilton.
Ruim fora, pior dentro
Diante desse quadro, agora, o melhor a fazer, ao menos consigo
próprio, é deixar a Ferrari. É o que está fazendo. Nem que isso signifique ter
outra temporada de sacrifício, como provavelmente será o caso na McLaren-Honda
em 2015, se esse for mesmo o seu destino, como tudo indica.
A entrevista de Eric Boullier, diretor da McLaren, ontem, em
Suzuka, reforça a ideia de que assinado mesmo com o time inglês agora associado
a Honda não deve estar. “A McLaren é uma melhor opção para Alonso do que a Red
Bull'', afirmou o francês.
Uma das hipóteses aventadas em Suzuka, ontem, foi de que Alonso
poderia tirar um ano sabático, não correr por nenhuma equipe. Poderia ver quem
terá um carro capaz de lhe permitir ser campeão em 2016 e iniciar negociações
para eventual contratação. É muito provável que desse certo. O conceito de
Alonso como piloto, apesar de todos saberem ser um homem difícil, é o mais
elevado possível.
Essa hipótese é viável? Obviamente que sim. O espanhol sabe que
na McLaren-Honda deverá ter um ano de muito trabalho e resultados não
expressivos. Possível ficar parado, mas não acredito, não consigo ver um piloto
tão ambicioso como Alonso, na plenitude da sua capacidade, capaz combinar
velocidade, em corrida, com regularidade como nenhum outro, apenas assistindo
aos eventos na TV.
Assim, tudo nos leva a crer que Alonso deva estar próximo de um
acordo com a McLaren-Honda. Mas seria ainda mais interessante para a Fórmula 1
se o seu destino fosse a Red Bull. Houvesse uma troca com Vettel. Com o
esperado avanço da Ferrari em 2015, o alemão provavelmente disputaria boa
temporada. O mesmo deveria ocorrer com Alonso na Red Bull de nova unidade
motriz.
Essa combinação Alonso/Red Bull e Vettel/Ferrari faria com que
ambos pudessem, provavelmente, desafiar Hamilton e Rosberg na Mercedes em 2015.
Ou seja, seria melhor para a Fórmula 1 do que Alonso na McLaren. Insisto: as
chances de o carro da McLaren-Honda no ano que vem permitir a Alonso, ou quem
for pilotá-lo, de sair lutando pelas primeiras colocações são mínimas.
Razões: o atraso da equipe na área de chassi e os japoneses com
o projeto da unidade motriz, sem um único teste de pista, ainda, restando
quatro meses para a pré-temporada de 2015. A McLaren corre com unidade motriz
Mercedes, este ano, muito mais eficiente em tudo que a da Renault e da Ferrari,
e soma apenas 111 pontos, sexta colocada.
Dentre os times com motor Mercedes é o pior. Na sua frente estão
a própria Mercedes, líder, 479, a Williams, terceiro, 187, e a Force India,
quinta, 117. Dá para imaginar a McLaren de um ano para o outro, com uma unidade
motriz que não tem um ano de experiência, com é o caso de Mercedes, Renault e
Ferrari, poder disputar o título? Contraria todos os princípios lógicos da
Fórmula 1.
Hora de sair da Red Bull
Demorou mas chegou a vez de Vettel. Desculpe o texto longo, mas
resolvi redigir o que vejo desse imbroglio todo.
Vettel tem tantos motivos quanto Alonso para deixar a Red Bull,
por incrível que pareça. Afinal, venceu os quatro últimos campeonatos lá e
tornou-se um fenômeno. Tem quase todos os recordes de precocidade na Fórmula 1.
E muito disso deve ser associado à supereficiência da Red Bull como
organização, não apenas aos carros de Newey.
Primeiro motivo: O talentoso e aguerrido Daniel Ricciardo é um
adversário bastante difícil de ser superado. Este ano venceu três corridas
enquanto ele, Vettel, nenhuma. Muitos questionam o seu real valor nas
conquistas dos últimos quatro anos. Como pode perder a disputa para um
estreante jovem num time de ponta como Ricciardo?
Evitar esse confronto, em 2015, é algo interessante. A derrota
fragorosa, este ano, para o companheiro, poderia ser associada a sua não
adaptação às reações do modelo RB10-Renault ao novo e pioneiro regulamento da
competição. Mas se Vettel perder por nocaute de novo para Ricciardo no ano que
vem sedimentará de vez a ideia de que havia muito da eficiência dos carros de
Newey e da Red Bull, como equipe, nos seus quatro títulos seguidos. Arranharia
de forma dramática seu conceito de grande piloto.
Outra importante razão para Vettel pensar com seriedade em
deixar a Red Bull é o fato de o modelo de 2015 ser o último que Newey irá
coordenar. A partir de 2016 será apenas consultor. Entrevistei Vettel antes de
ele estender o seu contrato com a Red Bull, há dois anos, e ele me disse que
antes de assinar perguntou a Newey se continuaria no time. Só depois de o
engenheiro lhe confirmar que permaneceria na Red Bull concordou em estender o
compromisso.
Vettel sabe que a médio prazo a Red Bull vai perder muito com a
saída de Newey. Não tem mais garantias de dispor de um carro possivelmente
vencedor, como são as obras desse brilhante engenheiro aeronáutico.
Mais motivos para Vettel pensar em trocar a Red Bull pela
Ferrari: sempre sonhou em correr na escuderia de Maranello. Já o ouvi falar do
assunto várias vezes. Se entusiasma com essa possibilidade. Em especial de ser
campeão com a Ferrari. E o pacote que os italianos estão lhe oferecendo é
atraente do ponto de vista técnico. Os responsáveis pelo modelo de 2015 são
engenheiros comprovadamente capazes.
Esse, portanto, é o momento para deixar a Red Bull e se
transferir para a Ferrari.
Há duas informações que parecem potencializar essa hipótese.
Mas, claro, pode ser apenas uma coincidência. O seu mecânico chefe na Red Bull,
Kenny Handkammer, inesperadamente, avisou que está deixando a escuderia.
Ninguém entendeu. E o seu ex-engenheiro na época de Toro Rosso, hoje um dos
responsáveis pelo avançado simulador da Red Bull, na Inglaterra, o italiano
Riccardo Adami, também está saindo do time. E seu destino, comenta-se, deve ser
a Ferrari.
Será surpreende se não der certo
Quer saber? Como já escrevi, torço muito para esse arranjo
realmente ser confirmado, como penso que deverá ser o caso. Será surpreendente
se o desfecho não for esse, não acham?
Agora o companheiro de Ricciardo na Red Bull em 2015. O jogo foi
lançado, quem vocês acreditam que ficará com a vaga se Vettel realmente sair? O
experiente e campeão do mundo Jenson Button, egresso da McLaren, para dar
espaço a Alonso?
O talentoso russo de 20 anos, Daniil Kvyat, seria promovido da
Toro Rosso e assim a escuderia poderia manter Jean-Eric Vergne, já avisado que
será substituído pelo holandês Max Verstappen, de 17 anos? Seria conveniente
para a Toro Rosso, um experiente, Vergne, e um estreante, Max.
Lembro mais uma vez que se trata de um carro capaz de levar o
piloto a, provavelmente, lutar por vitórias e talvez até o título. E
incrivelmente não sabemos quem irá pilotá-lo, ainda. Outros candidatos? Nico
Hulkenberg, Sergio Perez e Romain Grosjean, não vejo outro. E você?
Bem, as mudanças dessa história envolvendo a esperada saída de
Alonso da Ferrari estão aí, não sei se todas. Uma coisa é certa: muito
provavelmente o próximo campeonato terá belíssimas atrações, ótimo para nós que
tanto apreciamos a Fórmula 1. Abraços !
Só uma resalva já pararam para pensar Após noticias bombásticas no mundo da F-1 eu não sei porque mas tenho uma pequena talvez até um remoto pensamento que FernandoAlonsoOficial e Sebastian Vettel estarão no proximo ano na Equipe McLaren formando um Grimm time! vamos ver o que acontece nos proximos dias!
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